quarta-feira, março 25

A casa autossuficiente

No futuro, a casa que habitamos será totalmente autónoma em termos energéticos e os módulos que a constituem vão adaptar-se aos nossos padrões de comportamento. Tudo isto com pouca intervenção humana


Há milhões de anos que os girassóis giram para captar a luz do Sol. O movimento serve para maximizar a absorção de energia até ao momento em que a planta dá flor. Não é a única planta a fazê-lo, mas foi no girassol que se inspiraram os investigadores da Casas em Movimento para criar o sistema que permite a uma casa rodar com o mesmo objetivo: capturar a energia do Sol. "As nossas casas ajustam-se automaticamente ao local onde são implementadas. Podem rodar ou inclinar o telhado consoante as necessidades energéticas das famílias que as habitam. São casas sustentáveis e autossuficientes", explica Manuel Lopes, o português que, em 2008, enquanto aluno na Universidade do Porto, concebeu o The Sunflower system o sistema na base destas casas que rodam 180 graus e inclinam o telhado para colher os raios de sol disponíveis ao longo do dia, transformando a energia solar em energia elétrica e térmica.

A Casas em Movimento já patenteou o "sistema girassol" em 77 países e prepara-se para estrear uma casa de demonstração que será montada (e depois desmontada...) numa cidade portuguesa, onde vai mostrar as vantagens de ter uma habitação que produz cinco vezes mais energia do que a que necessita. E para onde vai esta energia a mais? "Pode ter várias finalidades. Pode carregar o carro, ou carros, da família ou, até, alimentar as casas que lhe estejam próximas. Fizemos um teste com um Smart elétrico e concluímos que podíamos fazer 160 mil quilómetros/ano com o automóvel a ser alimentado pela casa", adianta o arquiteto responsável pelo projeto, que explica as vantagens da estrutura ser desmontável: "Se uma das nossas casas estiver a ser usada como residência de férias no Alentejo, nada impede que os proprietários, um dia, a mudem, por exemplo, para o Gerês. Não é preciso investir numa nova construção nem pensar se há energia elétrica por perto. Basta desmontar de uma localização e montar noutra." O facto de ser uma construção modular tem mais vantagens. A rotação do eixo central da estrutura permite que as várias divisões da casa mudem de posição, e se ajustem às necessidades dos inquilinos. "É uma casa que pode mostrar o nascer do Sol na mesma janela onde também revela o pôr do Sol.

E não só. Imagine-se o seguinte cenário: ao pequeno-almoço, a cozinha pode ter 15 m2, mas, há hora do jantar, a rotação dos módulos da casa pode juntar a cozinha com a sala e criar um espaço de 45 m2. Isto é possível e estamos, neste momento, a testar a que velocidade é que a rotação deve ser feita", descreve Manuel Lopes, com o entusiasmo típico do empreendedor que vê a sua startup recolher, finalmente, a atenção de potenciais investigadores. Na mira, pode estar a construção de um hotel para uma grande cadeia internacional e até de bairros inteiros em países nos quais a rede elétrica é pouco eficiente e onde é necessário recorrer a geradores.


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