segunda-feira, julho 23

entrevista com Germano Woehl Jr, do instituto Rã-Bugio


A Nossa Reporter Pintada entrevista o catarinense Germano Woehl Junior, doutor em física pela UNICAMP, pesquisador titular do Instituto de Estudos Avançados, em São José dos Campos (SP), que como resultado do seu antigo esforço em defesa do planeta em seu meio afim foi responsável pela criação de uma ONG ambientalista fantástica em 2003, o Instituto Rã-bugio para Conservação da Biodiversidade, entidade sem fins lucrativos, sediada em Jaraguá do Sul, Santa Catarina, que coleciona vitórias incríveis na conservação da natureza e planta lindas sementes nos corações dos cidadãos do futuro através do trabalho com crianças e jovens. Fala da pioneira esperiência com RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural).
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Como o Instituto Rã-bugio nasceu?
O esforço para defender a natureza teve inicio na minha infância e culminou com a criação de uma ONG ambientalista, no dia 05/04/2003, o Instituto Rã-bugio para Conservação da Biodiversidade, entidade sem fins lucrativos, sediada em Jaraguá do Sul, SC, que foi a institucionalização do nosso trabalho voluntário de educação ambiental nas escolas realizado com mais intensidade a partir de 1998. A criação da ONG foi uma consequência do crescimento deste trabalho desenvolvido, pois as atividades estavam se intensificando, a escala aumentando e havia limitações bem como riscos de não haver continuidade. Essencialmente, este trabalho é desenvolvido em parceria com as escolas da rede pública de ensino médio e fundamental para promover a educação ambiental focada na conscientização das crianças e adolescentes sobre a importância dos serviços ambientais das áreas remanescentes de Mata Atlântica, sobretudo na proteção dos mananciais e da rica biodiversidade. Os anfíbios são uma espécie de bandeira do nosso projeto.

A solução definitiva para preservação ambiental é a educação?
Sim, mas com educação de qualidade. Não há nenhuma dúvida pelas experiências acumuladas ao longo da história da humanidade. Os conhecimentos sobre a nossa biodiversidade o quanto ela está ameaçada fazem com que os estudantes percebam a importância de preservar os remanescentes de nossos ecossistemas, o habitat das espécies e, portanto, a única maneira de garantir sua sobrevivência. Para preservar precisamos de conhecimento que só pode ser adquirido com educação de qualidade. Aí entra também a formação de valores para construirmos uma sociedade com sólidos princípios éticos, que entenda ser justo o direito a vida de outros organismos, ou seja, de que precisamos compartilhar o planeta com todas as formas de vida, deste uma baleia até uma perereca ou uma formiga. A falta de conhecimento (educação) é o pior inimigo da natureza – e da própria humanidade. As pessoas não ateariam fogo em uma área natural se realmente soubessem o que tem ali. Não comprariam um passarinho se soubessem a crueldade envolvida e o impacto provocado na natureza para ele estar ali, preso na gaiola. Muitas vezes são defendidos e aprovados projetos de exploração “sustentável” de algum recurso, como das madeiras nobres da Floresta Amazônica, mas a falta de conhecimento impede perceber os graves erros que se comete. E a sociedade acaba aceitando por falta de conhecimentos (básicos) sobre a dinâmica de um ecossistema altamente complexo como é o caso de floresta tropical (Mata Atlântica ou Floresta Amazônia) e a fragilidade do equilíbrio.

O Instituto Rã-Bugio tem diversas atividades com a infância e juventude, não é?
Sim, trabalhamos somente com este grupo. A juventude é contemplada também com benefícios sociais. Captamos recursos de empresas principalmente, através de patrocínios, para oferecer oportunidade de trabalho com estágios remunerados para dezenas de jovens, além de oportunidade de emprego e também cursos para enriquecer a formação de jovens professores. Já as crianças e adolescentes são beneficiadas pelos ensinamentos que recebem nas trilhas interpretativas da Mata Atlântica. Estas atividades práticas contribuem para melhorar o aprendizado em todas as áreas do conhecimento e estimulam o interesse pela ciência, além de formar valores éticos. Foram mais de 30 mil estudantes atendidos nas atividades práticas ao ar livre, nas trilhas interpretativas e mais de 1000 professores atendidos em cursos de capacitação para promoverem a educação ambiental de qualidade, que realmente provoque uma mudança de atitude na sociedade em relação à conservação da natureza no Brasil. Tudo isso tem sido possível graças ao apoio de empresas e fundações como a Johnson & Johnson (parceira mais recente), Petrobras, através da seleção pública de projetos do Programa Petrobras Ambiental 2006, BOVESPA (Bolsa de Valores de São Paulo, através da Bolsa de Valores Sociais e Ambientais (BVS&A), Instituto HSBC Solidariedade, que fez doação por intermédio do Portal Social da Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho (grupo RBS-TV), Fundação AVINA, FEPEMA (Fundo Estadual de Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina), Fundação O Boticário e Prefeitura de Jaraguá do Sul.
Em 2007 você e sua esposa, Elza, localizaram em SC o "sapo-pingo-de-ouro" (Brachycephalidae), que tinham ocorrência conhecida somente na Mata Atlântica do Espírito Santo até o Paraná. Naquela época ele foi encontrado em uma pequena área preservada da Mata Atlântica. Hoje, o seu território permanece igualmente ameaçado?
Eu diria que está mais ameaçado ainda. O entorno da área já sofreu dois incêndios de grandes proporções depois da descoberta. A boa noticia é que em breve área deverá ser transforma em RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) pelos proprietários. Mas se os vizinhos continuarem a provocar incêndios criminosos, às ameaças continuarão. Uma ameaça futura que é difícil de enfrentar seriam as mudanças climáticas, que podem não produzir mais as freqüentes neblinas intensas que se formam no topo das montanhas da Serra do Mar e deixam o ambiente umedecido, habitat para o qual o sapinho está adaptado. Se acabar a formação de neblina no topo destas montanhas, o minúsculo sapo-pingo-de-ouro não sobreviverá. Ele praticamente vive “no céu”, no meio de uma nuvem que recobre com freqüência o topo das montanhas. Ou seja, ele depende daquela umidade trazida pela neblina. Poderá ser uma das primeiras vítimas brasileiras do aquecimento global. As nascentes que surgem pela condensação desta neblina também ficarão comprometidas e cidades como Joinville, que dependem desta água, serão afetadas.
Muitas vozes do ambientalismo dizem que as RPPNs (Reserva Particular do Patrimônio Natural) são a saída mais eficaz e imediata hoje para a preservação biodiversidade em terras brasileiras. É isso mesmo?
È uma boa alternativa para conservar áreas importantes da natureza, já que são de proteção integral. Algumas RPPNs são exemplos de gestão em unidades de conservação da natureza. É um processo de criar unidades de conservação bem mais fácil, muito ágil e tranquilo que não gera conflitos, já que a iniciativa parte do dono do terreno. A transformação em RPPN é perpétua, fica gravada na matrícula do imóvel e não há como voltar atrás. Nunca mais os herdeiros podem desmatar a área. Eu tenho um pouco de receio com a perda da qualidade com este processo de estadualização, onde a falta de funcionários qualificados nos órgãos estaduais e outros problemas podem ocasionar falhas no processo e trazer prejuízos para a boa imagem das RPPNs. Eu preferia que o processo continuasse sendo feito somente na esfera federal por mais alguns anos e só então passasse para os estados, já que a demanda por criação de RPPNs ainda não é alta.

Deveria haver mais incentivo para indústrias e empresas privadas em geral contribuirem para trabalhos como o do Instituto Rã-Bugio?
Temos que ter em mente que só a sociedade brasileira pode salvar a Mata Atlântica e a Floresta Amazônica, bem como outros ambientes naturais tão importantes, como o Cerrado, Pantanal e tantos outros. Parece paradoxal precisar da ajuda do poder econômico para salvar a natureza. Mas não é. Muitas empresas são de alta tecnologia e trabalham estritamente dentro das regras que a sociedade exige, obedecendo as leis. Questionar a existências de empresas honestas, que operam dentro da lei, é questionar toda a sociedade humana nos últimos 12 mil anos que optou por este caminho. A realidade é que não temos como fazer um trabalho sério de educação ambiental para ensinar nossas crianças sobre a importância de preservamos pelo menos um pedacinho da Mata Atlântica para a sobrevivência dos animais se não tivermos dinheiro. Para cumprimos nossa missão precisamos ter funcionários, contratar estagiários, investir em treinamento, nos deslocarmos, pagar fretamento de ônibus para os estudantes etc. Embora muitas pessoas físicas façam doações o dinheiro não é suficiente e precisamos do patrocínio das empresas, que podem contribuir com quantias mais significativas. As empresas responsáveis, comprometidas com a ética, não fazem tanta questão assim de incentivos fiscais para doarem dinheiro para causas nobres. As empresas têm condições de avaliar se vale a pena investir em determinado projeto. O ganho de imagem quando elas investem em projetos sérios que dão bons resultados é mais importante para seus negócios do que qualquer tipo de incentivo fiscal.

Como pessoas e empresas podem contribuir para a continuidade e desenvolvimento dos trabalhos do Rã-Bugio?
È muito fácil. Basta entrar no site http://www.ra-bugio.org.br/ e clicar no tópico “Como nos Ajudar”. As pessoas físicas que doarem no mínimo R$ 30,00 recebem uma camiseta de brinde. As empresas podem patrocinar projetos na comunidade onde têm suas plantas industriais. O Instituto Rã-bugio atua em qualquer cidade da região sul e sudeste do Brasil. Podemos desenvolver atividades de curta duração, de um dia a uma semana, bem como de longa duração, superior a um ano. Estamos, por exemplo, atuando nas escolas públicas de São José dos Campos e Jacareí (SP) há mais de um ano com o patrocínio conquistado da empresa Johnson & Johnson. Nossa prestação de contas é transparente, está publicada na internet, e foi analisada e aprovada por meio de uma auditoria externa.


Conheça mais desse lindo trabalho:
Instituto Rã-Bugio
Rua Antonio Cunha, 160 - Sala 25 Piso Superior

Terminal Rodoviário
Bairro Baependi
Jaraguá do Sul, SC
CEP 89256-140
Fone / Fax: (47) 3274-8613
site:
http://www.ra-bugio.org.br/index.php



terça-feira, julho 17

Cientistas Desenvolvem Fotossíntese Artificial

Há cerca de um ano, a equipe do professor Daniel Nocera, do MIT, anunciou os primeiros resultados daquilo que ele chamou de uma folha artificial prática.
Agora, depois de o trabalho ter sido revisado por outros cientistas, finalmente foi publicada a descrição detalhada do dispositivo.
A ideia das folhas artificiais é imitar o processo da fotossíntese, gerando energia, ou combustível, diretamente a partir da luz do Sol - uma ideia que foi defendida pela primeira vez em 1912, pelo químico italiano Giacomo Ciamician.
Atingindo-se um rendimento mínimo, isto representaria uma revolução na matriz energética mundial.
Existem várias pesquisas na área, com várias abordagens diferentes, mas todas em um estágio ainda bastante inicial de desenvolvimento.
Quebra da água em hidrogênio e oxigênio
A grande vantagem do dispositivo agora divulgado é que, ao contrário dos anteriores, ele se baseia em técnicas de baixo custo para a sua fabricação e dispensou a platina, um dos elementos mais caros usados nas folhas artificiais.

No processo de imitar a fotossíntese, o passo mais importante é a etapa que divide a água em hidrogênio e oxigênio.

A folha artificial possui um coletor solar ensanduichado entre duas películas, que geram a reação necessário para liberar o oxigênio e o hidrogênio.

Quando mergulhado em um frasco com água, à luz do sol, o dispositivo começa a borbulhar, liberando os dois gases: o hidrogênio pode então ser usado em células a combustível para gerar eletricidade. (fonte: Inovação Tecnológica)

quinta-feira, julho 12

Lixo recebe toneladas de ouro e prata por ano

O lixo eletrônico é um problema importante e também valioso. Segundo instituições ligadas à Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 320 toneladas de ouro e 7,5 mil toneladas de prata são utilizadas anualmente para a produção de aparelhos eletrônicos como computadores, tablets e celulares.
O valor dos metais empregados soma cerca de US$ 21 bilhões – US$ 16 bilhões em ouro e US$ 4 bilhões em prata – a cada ano e, quando os aparelhos são descartados, menos de 15% do ouro e da prata são recuperados.
O resultado do acúmulo constante é que o lixo eletrônico mundial contém “depósitos” de metais preciosos de 40 a 50 vezes mais ricos do que os contidos no subsolo, de acordo com dados apresentados na semana passada em reunião organizada pela Universidade das Nações Unidas e pela Global e-Sustainability Initiative (GeSI) em Gana, África.
As quantidades de ouro e prata que vão parar no lixo aumentam à medida que crescem as vendas de aparelhos como os tabletes, cujas vendas em 2012 deverão chegar a 100 milhões de unidades em todo o mundo, número que deverá dobrar até 2014.
Produtos elétricos e eletrônicos consumiram 197 toneladas em 2001, equivalentes a 5,3% da oferta mundial do metal. Em 2011, foram 320 toneladas, com 7,7% do total disponível. Apesar do crescimento de cerca de 15% na oferta de ouro na última década, o preço do metal disparou, aumentando cinco vezes entre 2001 e 2011, segundo o levantamento.
“Em vez de olharmos para o lixo eletrônico como um fardo, precisamos encará-lo como uma oportunidade”, disse Alexis Vandendaelen, representande da Umicore Precious Metals Refining, da Bélgica, durante o evento. (fonte Mercado Ético)

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